Pickup Willys ou F75 eram só para trabalhar

Esta fórmula não existe mais: que fique bem claro. Mas já houve tempo em que utilitário era feito somente para trabalhar, sem pretensão de ser um carro de passeio tal como acontece hoje em dia. Assim, em 1961 um veículo bom de briga foi lançado no Brasil: a Pickup Willys, fabricada pela extinta Willys Overland. A intenção era atender pequenos empresários, fazendeiros e empresas que precisavam de um veículo ágil e econômico para fazer entregas, forte para as esburacadas estradas do nosso país e sobretudo barato.

O novo modelo era construído sob o mesmo chassi do jipe Universal e da Rural, que fazia sucesso como veículo familiar. O motor do carro também era o mesmo do jipe: o BF161, de seis cilindros, 2.600 cc e 90 cv, o que não era muito mas combinava perfeitamente com sua proposta e tinha fama de inquebrável. O modelo foi bem aceito em escala comercial, com destaque entre agricultores e frotistas em geral, que admiravam a valentia da Pickup Willys. Afinal ele enfrentava atoleiros, vencia a terra e qualquer obstáculo que surgisse pelo caminho.

Com a nova versão, a Willys também montou outras configuraçðes como a pickup cabine dupla, caçamba fechada e veículos para diversas finalidades como uso bélico, a exemplo da vocação do Jeep Universal.

A Pickup Willys no entanto, era básica, no sentido estrito da palavra. Nada de direção assistida, comandos elétricos ou freio a disco. Era um carro feito sob medida para o trabalho pesado, e como custava pouco em comparação com qualquer pickup pequena, foi por muitos anos a melhor alternativa para os empresários e frotistas. Em 1964 surgia a versão caçamba, que melhorava um pouco a capacidade volumétrica de carga, embora o peso ficasse limitado a 500kg.

Em 1967 a Ford assumiu o controle da Willys Overland, e em 1972 a pickup da Jeep passou a se chamar F 75. Não vieram mudanças na linha, mas sim inclusão de novos motores: o seis cilindros 3,0 litros de 110 cv e a partir de 1975 o quatro cilindros, de 2,3 litros e 90 cv.

Evoluçðes foram poucas. Desde a importação das primeiras unidades em 1958 dos EUA, ganhou status de carro nacional em 1961, e no ano seguinte, vinha a versão 4X4. Em 1965 ganharia suspensão independente (só nos modelos 4X2) e câmbio de três marchas sincronizado. Em seguida teria como opcionais o alternador e a “roda livre”.

Em 1968 devido ao acordo com a Ford ganharia um novo motor opcional, painel diferenciado, trava de direção e câmbio de quatro marchas. Em 1970 teve ainda uma versão “luxo”, com uma capota branca diferenciada. E nada mais. Pela sua simplicidade e robustez, foi muito utilizada pelo exército para dar apoio às operaçðes feitas na cidade, nas estradas e até para transporte de soldados. Em 1980, já no final de sua vida útil, ganhou versão a álcool, hoje raríssima.

O carro começou a perder força na virada dos anos 1980, diante de novas opçðes mais modernas e confortáveis, ainda que nenhum concorrente fizesse frente a durabilidade da F75. Com o lançamento das pickups derivadas de automóveis que começou em 1978 com o Fiat 147, a F75 já parecia uma versão simples demais para um veículo de uso diário, e em 1983 foi descontinuado.